segunda-feira, 29 de junho de 2020

Ensinando um guerreiro

Hoje eu vou contar uma experiência que tive com um aluno muito especial. Para preservar a identidade dele vou chamá-lo de "Guerreiro", um garoto, na época com 9 anos. Não frequentava a escola devido a sérios problemas de coração. Com seis anos sobreviveu a dois AVCs, que deixaram algumas sequelas. Seu lado direito foi afetado, causando dificuldades motoras e na fala. Com o passar do tempo sua mãe sentiu a necessidade de que ele fosse estimulado, já que não ia pra escola tinha o desejo que seu filho aprendesse a ler e a fazer as operações básicas da matemática. Então ela me pediu para dar aulas particulares para ele.
Começamos em agosto de 2017, duas aulas por semana. Ele já conhecia o alfabeto, os números e fazia continhas de adição simples de cabeça. Comecei com a escrita do nome, depois os sons das letras e formação silábica. Na matemática trabalhamos contagem, sinais de igual e diferente, maior que e menor que, etc. Depois passamos para a escrita das contas que ele já fazia de cabeça.
Percebi que ele escrevia com a mão esquerda, e tinha uma certa dificuldade em segurar o lápis. Conversei com a mãe e ela me relatou que ele não é canhoto, que depois do AVC ele não conseguia mais escrever com a mão direita.
No início utilizei atividades no caderno e impressas. Depois a mãe comprou uma cartilha, a qual adaptei para o método fônico. No início ele teve algumas dificuldades com os fonemas, pois devido a apraxia ele não conseguia reproduzir os sons de várias letras, por exemplo PRATO ele falava PATO, CAMA ele pronunciava TAMA. Mas ele era um garoto muito esperto, e desenvolveu uma estratégia, ele memorizou os fonemas que ele não conseguia falar e passou a não trocar as letras.
Na matemática ele era uma gênio. Com 6 meses de aula já fazia adições e subtrações com agrupamento de números com 3 algarismos. Então introduzi a multplicação e divisão.
Trabalhamos atividades bem diversificadas, vários recursos pedagógicos, como alfabeto móvel, números, material dourado, quebra-cabeça, e os materiais do Projeto Trilhas. Também trabalhamos literatura e interpretação de textos.
Foi um período muito rico de aprendizagem para nós dois. Infelizmente, em outubro de 2018 seu coração não resistiu, e o Guerreiro deixou muita saudade.
Abaixo fotos de algumas atividades desenvolvidas nesse período:




terça-feira, 16 de junho de 2020

SEIS ANOS: CEDO OU TARDE PARA ALFABETIZAR?

 
Recentemente, a alfabetização aos seis anos tem sido alvo de discussões, tanto no 
meio político como no educacional. Seria essa a melhor idade pra ingressar no ensino fundamental? É importante ter conhecimento sobre o desenvolvimento humano para  responder essa questão, pois assim é possível conhecer o  desenvolvimento da criança em suas diversas etapas. Wallon entendeu o desenvolvimento infantil em estágios, e 
de acordo com sua teoria, a partir dos seis anos, no estágio categorial, predomina o 
aspecto cognitivo e se inicia o  desenvolvimentod memória, então “seria” a idade ideal para alfabetizar.
Mas esse não deve ser o único critério a ser utilizado pra responder essa questão. 
Cada criança tem seu tempo. A aprendizagem é um processo que vem desde o nascimento e percorre por toda a vida. Alfabetizar uma criança aos seis anos, sem ter nenhuma escolaridade pode não ser muito indicado, pois muitas enfrentam 
dificuldades no decorrer do ensino fundamental. A educação infantil é de grande importância no desenvolvimento das crianças, pois aprendem a se socializar, através do lúdico aprendem a expressar seus sentimentos e emoções, a respeitar regras e colaborar umas com as outras, estando assim muito mais preparada para entrar no ensino fundamental aos seis anos.
Hoje é possível ver por toda parte crianças cada vez menores entrar no mundo da 
tecnologia, através de computadores, tablets e celulares de última geração. E 
percebe-se enorme habilidade em seu manuseio pelos pequenos. As crianças da 
atualidade estão cada vez mais espertas, com grandes avanços no desenvolvimento 
de sua autonomia, então porque não alfabetizá-las mais cedo?
Com as novas alterações na Lei de Diretrizes e Bases, as redes municipais e 
estaduais de ensino tiveram até 2016 para se adequar ao ensino fundamental de 9 anos e receber alunos de 4 a 17 anos,
ou seja, passa a ser obrigatória a oferta gratuita de educação básica a partir dos 
quatro anos, se fazendo assim possível, que todas as crianças tenham direito a 
frequentar uma sala de educação infantil, aumentando suas possibilidades de obter 
sucesso no processo de alfabetização. Portanto, em vista de todos esses aspectos, 
anteciparem o ensino fundamental para  alfabetizar as crianças aos seis anos se torna uma medida adequada para a melhoria da qualidade da educação em nosso País.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

DISGRAFIA

Não está associada a nenhum tipo de comprometimento intelectual, pois é um transtorno motor do neurodesenvolvimento (categorizado como um Transtorno do Desenvolvimento da coordenação) que afeta a habilidade de escrita, ou seja, há uma dificuldade de coordenar os movimentos dos símbolos gráficos. 

Características:
  • Lentidão na escrita;
  • Letra ilegível;
  • Escrita desorganizada;
  • Desorganização do texto, do tamanho das letras e do espaço do papel;
  • Escrita com omissão de letras, palavras, números, etc.
Intervenções:
  • Requer estimulação linguística global;
  • Na avaliação, dar mais ênfase à expressão oral;
  • Reforçar sempre o aluno de forma positiva;
  • Evitar o uso de caneta vermelha na correção de provas, trabalhos e atividades.
Quanto ao desenvolvimento psicomotor devemos proporcionar situações de aprendizagem que estimule: a postura, controle corporal, dissociação de movimentos, representação mental do gesto necessário para o traço, percepção espaço-temporal, lateralização, coordenação viso-motora e percepção corporal

terça-feira, 2 de junho de 2020

Transtorno de aprendizagem: DISORTOGRAFIA

É um transtorno específico da aprendizagem com prejuízos na expressão escrita. É considerado uma dificuldade no uso da ortografia (não necessariamente na grafia). Até o 2° ano do ensino fundamental é comum que as crianças façam confusões ortográficas, porque a relação com os sons e palavras impressas ainda não está dominada por completo. Porém, após essas séries, se as trocas ortográficas persistirem repetidamente é importante que o professor esteja atento, pois pode se tratar de uma disortografia.

Características: problemas ortográficos quanto a:
  • Precisão da ortografia;
  • Uso da gramática e pontuação;
  • Falta de clareza;
  • Falta de organização da escrita;
  • Falta de estruturação e composição de textos escritos, etc.
A importância da identificação da disortografia está relacionada principalmente na busca contra o fracasso escolar, pois o aluno com disortografia, por não obedecer às regras gramaticais por conta do déficit acaba tendo prejuízos nas demais disciplinas. 

Intervenções:

  • Focada nas atividades que visem o apoio e exercícios do uso das letras aos seus respectivos sons, visando trabalhar com os aspectos referentes a causas de origem perceptiva, intelectual, linguística, afetivo-emocionais e pedagógicas;
  • Uso de recursos visuais para estimular a memória visual, com quadros, letras do alfabeto, números, famílias silábicas, material concreto, etc.
  • Exercícios de distinção de noções espaciais básicas como: direita/esquerda, cima/baixo, frente/trás, etc.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Transtorno de aprendizagem: DISCALCULIA

Transtorno específico na aprendizagem com prejuízos na leitura. Essa transtorno não é causado por deficiência mental, nem por déficits visuais ou auditivos, nem por má escolarização, por isso é importante não confundir a discalculia com os fatores citados acima.

Características: Incapacidade de: 
  • Visualizar conjuntos de objetos de um conjunto maior; 
  • Conservar a quantidade;
  • Sequenciar números;
  • Classificar números;
  • Montar operações, etc.
Intervenções: 
  • Oferecer possibilidade do uso da calculadora;
  • Provas com questões diretas e de fácil entendimento;
  • Utilização de material concreto;
  • Evitar ressaltar os déficits do aluno;
A escola, em seu papel de instituição educadora, deverá ser capacitada a buscar mecanismos que proponham novas abordagens no ensino da matemática, reorganizando seus planejamentos, estruturas curriculares e formas de avaliação, visando atender aquele aluno com déficit.

Transtorno de aprendizagem: DISLEXIA

É um distúrbio na leitura afetando a escrita. Geralmente é detectada no processo de alfabetização, quando a criança começa o processo de leitura. A criança pode apresentar dificuldade para ler orações e palavras simples.

Características:
  • Demora em segura a colher para comer, e a fazer o laço no cadarço;
  • Atraso na aquisição da linguagem;
  • Dificuldade na aprendizagem das letras;
  • Inversões de letras, sílabas e números (p/b, m/n, f/v, n/z, 9/6, 3/5, etc. )
Intervenções: 
  • Utilizar material estimulante e interessante;
  • Utilizar jogos de letras e formação de palavras;
  • Utilizar recursos visuais;
  • Utilizar letras em relevo para que a criança percorra o contorno das letras com os dedos.
Abaixo alguns exemplos de escrita de crianças com dislexia:


Fonte das imagens: Portal da Dislexia. Disponível em: https://dislexia.pt/exemplos/ . Acesso em: 25/05/2020

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 Olá pessoal!! Ando meio sumida né? Desculpem, aconteceram muitas coisas por aqui e precisei dar um tempo. Em breve estarei migrando este bl...